quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Mãos

Hoje deu-me para pensar que as mãos são criações fantásticas.
Estava eu a sair do estacionamento do hipermercado, quando vi uma jovem mãe com duas crianças ainda muito novas pela mão. Reparei como as segurou bem à minha passagem, para que nenhuma delas se lembrasse de se soltar e correr o risco de um atropelamento.
Que ferramenta divina, através da qual se dá segurança, conforto, carinho, toque, música, dança, através das quais se fala, se prende mas também se liberta...

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre

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