domingo, 13 de março de 2011

Não, desculpe, o senhor é que foi bem educado primeiro!

A minha filha tem uma paixão assolapada por animais.
Na impossibilidade de lhe darmos um gato ou um cão, pois viajamos diversas vezes e seria uma grande complicação, decidimos comprar-lhe dois peixes. São animais menos dependentes, menos exigentes e que (penso eu) não conhecem o dono. Será fácil portanto, em época de férias, deixá-los a alguém que os alimente e lhes mude a água do aquário.
Certo dia, há cerca de duas semanas, dirigi-me à loja de animais que existe relativamente perto da nossa casa para os adquirir. Quando chegou a altura de pagar a conta, deparei-me com a impossibilidade de o fazer com o cartão multibanco, por a loja não dispôr desse sistema. Habituada que estou a não trazer muito dinheiro na carteira, comecei imediatamente a contar os trocos que trazia comigo. Para a totalidade do gasto, faltavam 15 cêntimos. O comerciante disse que não havia problema, que quando por ali passasse pagava o restante. Agradeci o gesto e prometi que num dos dias que ali passasse a caminho da escola, lhe pagaria a quantia em falta.
Passados quatro ou cinco dias assim o fiz. O comerciante ficou tão admirado com a minha atitude que até parecia que eu estava a fazer algo de extraordinário - a meu ver não estava senão a fazer o meu dever.
Agradeceu, agradeceu e agradeceu: "Obrigada pela sua atitude", disse-me ele.
Eu apenas respondi que boas atitudes geram boas atitudes, ou pelo menos era assim que deveria ser.
Não estou aqui para me vangloriar por coisa tão singela, mas dou por mim a pensar que se não somos honestos nas coisas pequenas, como seremos nas grandes? Será que a história não estará a ficar desmesuradamente do avesso, de modo a quem não faça mais do que a sua obrigação seja digno de louvor? Pela reacção do comerciante estou em crer que a maior parte das pessoas anda demasiado ocupada para se preocupar com coisas tão pequenas como seja a boa educação.

Um comentário:

  1. Já me aconteceu o mesmo no tempo dos escudos. Faltavam-me 50 escudos para pagar um livro que só havia numa livraria (alfarrabista) que ficava fora de mão. Naquele tempo não se pagava com MB nas lojas. Quando lá voltei para pagar os 50 escudos, o senhor teve a mesma reacção. Pelos vistos a falta de integridade em pequenas coisas não é de agora!

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